Podence é uma aldeia de singular tradição etnográfica ligada à figura do Careto. Vestindo os seus fatos feitos de colchas franjadas de lã colorida, com enfiadas de chocalhos à cintura e bandoleiras com campainhas, com o rosto tapado por uma máscara de latão, os Caretos surgem em Podence nos dias de Carnaval, percorrendo a aldeia numa correria desenfreada, criando um ambiente de alvoroço, mistério e sedução.
Na Casa do Careto, aberta ao público em 2004, pode encontrar telas da pintora Graça Morais e de Balbina Mendes, fotografias de António Pinto e Francisco Salgueiro, algumas publicações, os fatos, os chocalhos, as máscaras e toda a indumentária destas figuras enigmáticas. Encontramos ainda os únicos seres que os caretos respeitam nas suas tropelias, gritarias, chocalhadas: as marafonas! Neste espaço polivalente, aberto diariamente ao público, funciona igualmente uma tasquinha regional onde podem ser saboreados os “produtos da terra de Podence”.
Matança do Porco
É dia de matança, logo de manhã, os homens preparam para matar o bicho, que é composto de nozes e figos com pão e aguardente.
O matador, é um homem experiente, que munido de uma grande faca, espera que os outros coloquem o porco no banco onde é atado para que não pudesse fugir.
As mulheres têm a seu cargo o alguidar, com um pouco de miolo de pão e vinagre, mexendo sempre para que o sangue não tralhasse (coagulasse).
Depois de queimados os pêlos e esfregado com cortiça e água corrente, o matador, abre o porco começando do pescoço para traz retirando a que chamavam a barbada ou barriga do parco.
Depois de aberto e levada a barbada, que era uma mostra do valor do porco, quanto maior, melhor será o porco, depois são-lhe retiradas as tripas e o matador corta as pontas das costelas o fígado e parte do boche para ser comido no almoço.
O porco fica em repouso pendurado, e no dia seguinte é partido, separando-se cada parte que vai para uma determinado alguidar, para fazer salpicões, linguiças, butelos, e também outras partes para fazer as alheiras.
As mulheres vão até a ribeira das Maças e ai lavam as tripas, e com uma verga de almo, eram reviradas, quanto frio que elas apanham.
O dia da matança do porco é um dia de festa, mas um dia de muito trabalho para a dona de casa, mas todos tentam ajudar um pouquinho, e mantém-se a tradição.
A casa agrícola tem 35 hectares de terreno, produzindo castanha, mel, cereal, batatas, hortaliças variadas, cereja, maçã, uva de mesa para vinho e azeitona. Os hospedes podem participar em todas as atividades agrícolas de acordo com a época, seguindo todas as tradições e costumes.